Prefeitos
e governadores que não investem o suficiente em educação estão mais
próximos de serem punidos. Até novembro deve ser votado numa comissão
especial da Câmara dos Deputados o projeto que cria a Lei de
Responsabilidade Educacional (LRE), que deve prever que os chefes dos
Executivos que não usarem bem os recursos destinados à educação não
possam concorrer à reeleição.
O
relator da comissão, deputado Raul Henry (PMDB-PE), deve colocar no
texto uma novidade: nenhum governante poderá concluir o mandato deixando
seu município com indicadores educacionais piores do que quando assumiu
o cargo.
A
Comissão Especial da Lei de Responsabilidade Educacional vai promover
mais duas audiências sobre o assunto e depois votará o texto, que
seguirá, em seguida, para o plenário da Casa. A comissão, na verdade,
analisa o projeto da LRE (PL 7420-06, proposto em 2006 pela ex-deputada
Raquel Teixeira) em conjunto com mais 14 outros projetos de lei que
tratam da penalização de gestores que não obedecem a destinação de
projetos educacionais. Depois de diversas audiências públicas com
especialistas em educação, o relator Raul Henry escreveu recentemente um
projeto substitutivo que colocará em votação na comissão, reunindo as
propostas sobre o tema e também algumas inovações que não estavam nos 15
projetos. Mas o assunto ainda é fruto de polêmica entre muitos
especialistas em educação.
A
ideia da LRE é estabelecer um mecanismo parecido com a Lei de
Responsabilidade Fiscal (LRF), criada com o objetivo de impor um
controle de gastos a estados e municípios.
O texto que o deputado Raul Henry colocará em debate prevê cinco pontos principais.
Os
governantes que ao final dos mandatos deixarem a cidade ou estado com
Ideb (índice oficial que mede a qualidade do ensino básico) menor do que
o resultado obtido pelo antecessor ficarão inelegíveis por quatro anos.
Esse mecanismo será usado até que sejam atingidas as metas de qualidade
pactuadas no Plano Nacional de Educação.
Ação civil pública
Estados
e municípios poderão sofrer ação civil pública de responsabilidade
educacional caso suas ações ou omissões comprometam o direito à educação
e convênios deixem de ser executados. Esse tópico, que prevê a mudança
da lei de ação civil pública, foi proposto pelo governo federal em
projeto enviado ao Congresso em 2010.
O
texto que Henry vai apresentar também deve listar 15 padrões mínimos que
todas as escolas públicas do país devem ter, entre eles exigência de
bibliotecas com acervo compatível ao número de estudantes, espaço para
atividades esportivas, laboratório de informática, reforço escolar para
alunos com dificuldades no aprendizado e divulgação da programação do
conteúdo que tem que ser dado bimestralmente para os alunos.
Além
disso, municípios e estados que comprovarem em relatório que suas
receitas educacionais são insuficientes para atingir esse padrão mínimo
poderão solicitar financiamento suplementar ao Ministério da Educação,
que seria obrigado a repassar mais recursos.
— Se a
lei for aprovada e houver o financiamento suplementar da União, nos
municípios que depois de cinco anos não atenderem o padrão mínimo, o
prefeito ou governador pode sofrer ação civil de responsabilidade
educacional — disse o deputado.
O
relator quer que prefeitos e governadores sejam responsáveis pelas metas
do Plano Nacional de Educação de maneira proporcional aos seus anos de
mandato.
— No
caso das metas de ampliação de matrículas em creches, a atribuição é do
município. Se a meta, por exemplo, é ampliar em 10%, num mandato de
quatro anos, o prefeito tem que cumprir 40% da meta. O próximo prefeito é
responsável por 40% e o seguinte por 20% — explicou o parlamentar.
Henry
pretende incluir no texto um sistema de incentivo livre: do total de
estados e municípios do país, os 20% que mais apresentarem melhorias em
suas notas no Ideb em relação ao índice anterior terão direito a 4% do
orçamento do Ministério da Educação como prêmio para gastar em educação.
A diferença para outros sistemas de premiação que já existem é que,
nesse, o gestor teria liberdade para aplicar como quiser.
Com informações do jornal o Globo
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