Pacientes em macas ou cadeiras sendo assistidos no corredor do Hospital Walfredo Gurgel (HWG). O cenário que não é novo para a população potiguar e já foi mostrado diversas vezes pela imprensa recebeu nessa sexta-feira (18) a visita de um representante do Ministério da Saúde (MS) que veio conferir in loco a situação do maior centro de referência em urgência e emergência do estado. Acompanhado do secretário estadual de Saúde, Domício Arruda Câmara, da direção da unidade e do deputado estadual Henrique Eduardo Alves (PMDB), o secretário nacional de Atenção à Saúde, Helvécio Magalhães, viu de perto o que até então só havia chegado aos olhos do MS por meio de relatórios. De cara, ele anunciou - para o início do próximo ano - a inclusão do Walfredo no programa SOS Emergência, lançado recentemente pela presidenta Dilma Rousseff. No entanto, o secretário preferiu não estimar um prazo para que mudanças concretas sejam vistas na estrutura do HWG.
Na próxima semana, a governadora Rosalba Ciarlini se reunirá com o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, oportunidade na qual será formalizada a inclusão do hospital do Estado no programa federal. Nesta ocasião, também será divulgado o montante de recursos que será liberado para desafogar o Walfredo Gurgel.
Nessa sexta, durante a visita aos corredores do hospital, haviam 25 pacientes que precisavam de internação na UTI mas que estavam sendo atendidos no corredor. Separadas apenas por divisórias, e expostos a tudo que ocorria no ambiente, pessoas respiravam com ajuda de aparelhos. O problema foi destacado de maneira transparente pelo diretor técnico do HWG, João Batista Rabelo, no próprio corredor da unidade de trauma. "Na situação em que estão esses pacientes não são acompanhados por especialistas".
Outro ponto destacado foi o do Centro de Recuperação de Operados (CRO) que, como o próprio nome diz, é uma ala destinada aos doentes que saíram de cirurgias. Rabelo relatou que, neste ano, houve momentos em que o CRO ficou lotado e os pacientes recém-operados foram colocados em duas das seis salas de cirurgia. "Como usar uma sala para fazer um procedimento, se o paciente teve que ficar lá dentro porque não havia espaço no CRO?", questionou o médico.
Com a passagem dos representantes do setor público, não faltaram reclamações e protestos dentro dos corredores de pacientes e acompanhantes. Até mesmo uma funcionária - que não quis se identificar para a reportagem - falou alto: "Há mais de 30 anos que trabalho aqui e sempre ouvi que vai melhorar. Até agora nada".
TRABALHO PARA RECUPERAR EMERGÊNCIAS
A presença do secretário nacional de Atenção à Saúde, Helvécio Magalhães, no Rio Grande do Norte nessa sexta faz parte de uma ação do MS que está enviando representantes para visitar os principais hospitais de urgência e emergência do Brasil. Segundo o secretário, o HWG foi incluído no roteiro de visitas por se tratar de uma das mais importantes unidades do País. "Queremos sair do discurso para a prática", afirmou categoricamente. A proposta ministerial é, junto com Estado e Prefeituras, investir em infra-estrutura, na rede de retaguarda para o Walfredo e na qualificação das equipes.
O secretário Magalhães destacou ainda que estas são medidas emergenciais e reconheceu que será necessário um trabalho de longo prazo para reforçar também os hospitais regionais. Questionado sobre o fato das promessas sobre as queixas da servidora do HWG, o secretário argumentou: "Há 30 anos esses pacientes morriam por não havia nenhuma intervenção. A criação do próprio SAMU aumentou a demanda nos hospitais, mas antes eles ficavam na rua sem assistência. Entendemos que a situação hoje não é ideal, mas estamos agindo em várias partes do País, em várias frentes, para minimizar isso".
Entre as medidas que foram garantidas está a contratação de 100 novos leitos de UTI como forma de tirar os pacientes dos corredores. "O Ministério vai financiar integralmente a contratação destes leitos na rede particular e, se necessário, abrir novos espaços se os privados não puderem atender a demanda".
Para o secretário estadual de Saúde, Domício Arruda, o anúncio foi positivo. "Hoje temos em média 65 pacientes nos corredores por falta de leitos na UTI". Ele ainda reforçou a necessidade de fortalecer os 19 hospitais regionais para tratar de problemas mais simples que poderiam ficar no interior do estado. Arruda afirma que pelo menos 15 destas unidades têm menos de 50% das vagas ocupadas atualmente.
Fonte: Dn online
Nenhum comentário:
Postar um comentário