Com um déficit nas contas correntes de 550 bilhões (11% do PIB) e um
gasto só no ano passado de impensáveis 300 bilhões (6% do PIB) está mais
do que claro que o ajuste fiscal do governo, a esta altura dos
acontecimentos, terá o efeito de um disparo de espingarda calibre 12.
Nessa chuva de balas, que não é aquela de Mossoró, vai sobrar pra todo
mundo, inclusive para o Rio Grande do Norte, onde os aliados petistas do
novo governador prometeram mostrar sua influência junto ao Palácio do
Planalto.
Num contexto em que o Governo Federal e a máquina estatal são os grandes
vilões do equilíbrio fiscal, por encanarem a máquina gastadora mais
colossal de que se tem conhecimento, a dificuldade será equilibrar as já
frágeis despesas do RN que, embora passem por um enxugamento anunciado,
trarão as pressões políticas típicas dessa fase.
É apenas o começo da gestão Robinson Faria de quatro anos que prometem
deixar branquinha a densa cabeleira do governador, muito bem aparada e
penteada.
Assumir novas dívidas e prometer um combate duro aos gastos é a promessa
clássica de todo o início de administração. Mas é preciso um grau
sofisticado de articulação entre as prioridades sob pena deixarem muitos
interesses a ver navios. Como não se pode contentar a todos, as
escolhas serão inevitáveis tanto mais aguda a crise.
É aí que o governo estadual terá que mostrar todo o seu talento e poder
de convencimento. A presidente Dilma está colhendo com juros e correção
todos os gastos exagerados e mal feitos dos últimos anos, especialmente
os de 2014, quando literalmente manipulou até o câmbio e as taxas de
juros para conseguir aprovar as contas de um cofre arrombado.
Agora, ao mudar todo o discurso irresponsável da campanha, ela deixou
como legado imediato uma colheita maldita. Um teste para todos os
estados e seus governantes, especialmente aqueles que só começaram a ter
uma experiência no Executivo agora.
Fonte: http://companhiadanoticia.com.br/